segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PÉ DE MEIA



Fazer um pé de meia
Distribuir panetone
Dividir com os necessitados
O mensalão
Boa intenção...
Tudo acaba em pizza.
Orar agradecendo a propina
Ao deus Mamon
Que está sito em Brasília
Sião da corrupção.
Mas se se protesta
Polícia se manifesta
Cassetete na mão.
Quem rouba de terno
Tem imunidade
Proteção.
E quem reclama da injustiça
Advinha...?
Punição.

sábado, 7 de novembro de 2009

TAL QUAL AS ESTAÇÕES



Somos tal qual o tempo
E do ano as estações.

A primavera
O início
O surgimento
Florescimento da vida.

Vem então o calor da mocidade
O verão
Vigor intenso.

Chega o outono...
A maturidade
Velhice
As folhas ameaçam cair.

E por fim
Surge o inverno
Esfriamento
Ciclo final...
Quando a chuva
Molha
Nosso epitáfio.

domingo, 1 de novembro de 2009

MARÉ DA VIDA



Após trabalho árduo sai o pescador do mar com o fruto do seu labor em redes. Então, cata os peixes e se satisfaz. Coloca seu instrumento no barco. Chega à noite fatigado, vai descansar. Entretanto, precisa guardar seu veículo de trabalho, deixa-o lá no mar ancorado. Baixa a vela, joga a ancora n’água. Certifica-se se a mesma está fixa ao solo marinho e volta nadando para a praia. Segue a noite e o barco está lá isolado, ao sobe e desce das ondas do mar exposto. O pescador dorme...
O que faz pensar este que pela manhã o barco encontrará? Quem? A confiança na âncora? No barco? No mar? Independente disso, certo é: ele sempre quererá voltar... pra pescar.

sábado, 24 de outubro de 2009


VASTO MUNDO



Mundo, mundo
Informe mundo
Mundo, mundo
Disforme mundo
Se o mundo fosse forme
Seria uma rima
Não uma solução.

O rio se move e nunca é o mesmo
Os humanos também não.
O fruto do pé cai
E de pronto semente germina.
O sol anoitece
Põe-se, dormita
Mas logo a lua surgente amanhecerá.

Mundo, mundo
Vasto mundo
Mudando
Mundando
Nunca concluso
Vasto sempre pois será...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

URGE UM DESPERTAR...!



Texto para a Blogagem Coletiva – Professores do Brasil.



Pensar em Educação inevitavelmente é pensar num dos seus principais agentes: o professor. Ele mexe com a difícil e desafiante arte de mediar o conhecimento e as aprendências, de transformar visões de mundo para mais e para melhor, de, em suma, educar.
Este profissional há muito carrega em si sentimentos ambivalentes de importância e descaso. A relação entre o que um professor investe/se doa e o que lhe é retribuído, sem dúvida – e via de regra –, é dispare e contrastante. Não é à toa que muitos têm se fatigado nesse processo. Professores e professoras bons, dedicados. Que além de serem mal pagos, vêm na educação – principalmente pública – um nítido descaso (quase que total) por parte de seus diversos entes. Percebem uma estrutura aviltante nos sistemas educacionais que externam uma pratica laissez-faire dos políticos, entes da educação e comunidade escolar.
É imperioso haver um despertar para a educação como ferramenta maior, essencial e efetiva na nossa sociedade. E é mister ululante, deste modo, dignificar a atividade do magistério. Não com meras palavras, mas com uma política de valorização real, tornando a educação de fato o eixo principal para as transformações sociais tão necessárias à sociedade brasileira. E não tem (para ser prático e direto) como isso não passar, sobretudo, pelo viés remuneratório dos docentes, da formação dos mesmos nas universidades e pela estrutura física das escolas em que eles vão atuar; além da sensibilização do ambiente escolar e extra-escolar.
Portanto, fica a mensagem de que algo revolucionário – não dá mais para ser mudanças de modelagem – é necessário nas políticas educacionais do Brasil, e também que, cada um de nós pode e está desafiado a ser instrumento para isso.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SELAS DE AULA


Ser professor – acredito, mas do que nunca, é um desafio imenso, que consome muita energia, e que para muitos já se tornou uma frustração: “educastração” (de si mesmo e de do outro). A questão se pauta em alguns pontos cruciais que, para sofrerem mudanças salutares, precisam de um esforço conjunto entre vários entes que estão ligados direta ou indiretamente ao processo de Educação no país, a saber, os principais: pais, estudantes, professores e políticos (parlamentares e governantes).
Primeiro: tiremos a exclusiva responsabilidade da educação do giz/pincel do professor/a. Os pais precisam dar total apoio neste processo. Dentro de casa e na escola, discutindo com seus filhos, com os professores/as e diretores/as o melhor para o processo pedagógico.
Aos políticos cabe o compromisso real com o país e não com seu umbigo e bolso (mensalão, cartão corporativo, nepotismo etc.); e que, como resultado deste compromisso, tomem medidas drásticas, repito, drásticas, e efetivas para uma revolução a curto-médio prazo na educação desta nação.
Há muitas medidas a serem tomadas, de fato. Entretanto, uma das principais e mais urgentes é dar dignidade salarial/remuneratória aos agentes pedagógicos. Chega de desvalorização! O/A professor/a é um profissional que precisa e merece ser bem valorizado, bem pago, e assim, incentivado a pesquisar, a se atualizar, a criar e até mesmo permanecer na sua profissão.
O Governo através de uma recente campanha publicitária na TV vem buscando incentivar as pessoas a seguir profissionalmente os caminhos do magistério. Por quê? Porque o contrário é que está acontecendo. Conheço colegas que se formaram comigo e nem sequer pensam em pisar o pé na escola. Querem seguir outras carreiras. Pior, conheço vários professores dos ensinos fundamental e médio que estão – depois de um bom tempo de docência – abandonando as salas para irem procurar emprego no comércio, na indústria e – principalmente – em instituições púbicas que pagam mais e onde se é mais valorizado. A castração – com raras exceções – é geral nas instituições escolares. E ninguém quer perder o seu orgasmo. Todos e todas querem fazer o que gostam e serem bem retribuídos por isto.
Deste modo, ou as condições educacionais mudam (torço e quero ser instrumento para isso) de forma contundente, ou o contexto escolar será um lugar para poucas/os heroínas/heróis e/ou para muitas/os fingidoras/fingidores, agentes da educastração, que farão das salas selas de aula – como já infelizmente acontece.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A MÁGICA DE SER CRIANÇA MESMO ENQUANTO ADULTO


Eu não sei por que, mas desde o início de minha juventude desejei ter uma filhinha, uma criança. Presumo que queria contemplar nela algo que não podia mais ver em mim. Fico agora pensando nas suas possíveis risadas bobas em um momento sério meu, quando estivesse eu ainda de cara enfezada; nas suas brincadeiras fora de hora quando me encontrasse chateado, e na sujeira que ela fizesse na sala, misturada a brinquedos quebrados – que há algumas horas estavam em perfeito estado. Fico imaginando como reagiria a isso tudo...
Acho que talvez eu risse e brincasse com ela, e me lançasse junto à sujeira, encarando o mundo de forma mais lúdica e onírica. Ou brigaria com ela e lhe poria de castigo, seria rigoroso: afinal sou adulto.
Tenho para mim que as crianças têm – mesmo – muito a nos ensinar, só que não temos tempo nem humildade para isto, para aprendermos com elas. E acho também que nossas escolas e faculdades não nos ensinam tanto assim...
O que realmente nos ensina a viver é a professora chamada Vida, que se utiliza da didática da Experiência, que não está entre quatro paredes, mas se localiza no caminho, na observação do mundo, quando lemos as pessoas e temos a sensibilidade de contemplar o belo nas coisas mais simples; e ainda, quando percebemos a existência com o olhar das crianças e nos relacionamos com o mundo tal qual elas o fazem.
É-nos perceptível que, a princípio, as crianças desconhecem as regras, mas estas lhes são impostas, e já estão prontas antes delas nascerem. Mas como filósofas que são – quem deixamos de ser quando “crescemos” – não as permitem passar sem o seguinte questionamento: “por quê?”. Eu não sei se eu teria todas as respostas para a minha filha, mas tentaria respondê-la de forma mais sincera e profunda às suas indagações; talvez, até com uma outra pergunta, por não saber o que dizer ou responder. Mas se eu já tivesse uma resposta pronta e “certa” – como muitos de nós achamos que temos - ainda assim gostaria de perguntar a opinião dela, e até estaria mesmo disposto a mudar a minha, se ela me desse um contra-argumento convincente (o que não seria muito difícil). Deste modo, penso que nossas opiniões sobre a vida devem ser mais reticentes, e menos conclusivas, abertas para as diversas possibilidades de respostas dos porquês. Por isso, um apelo... Consultemos as crianças! Peçamo-las para rever nossos textos clássicos, quem sabe elas nos ajudam a transformá-los em poesias e contos infantis...? Elas estão prontas e aptas a nos ensinar sobre a vida pelo método que posso chamar de pedagogia da essência.
O que viria a ser essa tal pedagogia...? É o ensino que parte do pressuposto de que ainda não aprendemos o que realmente importa para nossa existência, e nos mostra o que de fato deve ser alcançado e vivenciado para que sejamos felizes tanto quanto estes pequeninos iniciantes da vida; que perdemos muito tempo com futilidades, tais quais: negócios, protocolos, cerimônias, reuniões infrutíferas, cumprimento de regras ilógicas e hipócritas, etc. Honestamente, acho que o que realmente importa é brincar. Principalmente as brincadeiras cuja regra mor é o amor. Acho que ludicidade é coisa de quem encara a vida de forma muito séria, só que sem prescindir da risada.
Em suma, o mundo é um parque, cheio de desafios e aventuras. Vivamos então a mágica atitude de ser criança, mesmo enquanto adultos; pois o que todo mundo busca realmente é pongar na incrível montanha-russa da existência e ser feliz.
Mas, nem todos conseguem. Preferem, apenas, ser adultos...

sábado, 29 de agosto de 2009

REFLEXÕES EM FRASES...



1 - "A cada traço que se rabisca a si mesmo, torna-se o mundo mais autêntico."

2- "Ninguém pode ser totalmente ateu; pois todo homem/mulher acredita – ainda que infimamente – em si mesmo (a).”

3- "Ser ou estar: eis a questão!"

4- "O maior desafio dos cristãos é serem parecidos com Cristo. O resto é muito fácil."

5- "Minha maior dúvida é a certeza."

6- "A verdade pode ser um barquinho de papel na correnteza do rio... ou um navio no mar ancorado.”

7- “A razão nem sempre tem razão.”

8- “Quando exploramos nossas diferenças nos tornamos mais semelhantes.”

9- “Ser sábio consiste substancialmente em desconfiar de suas próprias certezas”

10- “Minha Liberdade é minha algema – não posso dela me desvencilhar...”

11- “Toda concepção de mundo está vinculada às variantes tempo/espaço”

12- “Somos herdeiros do que produzem nossos atos... mas herdamos também o fruto de nossa inatividade”

sábado, 22 de agosto de 2009

CRIANTES DE RUA




Na rua
A criatividade
Anda à solta -
Alia-se à necessidade.
São os Criantes de Rua...

O chapéu,
Um saco plástico.
O jornal,
O cobertor.
A parede,
É o papelão:
Que cerca-os como muros
De uma casa imaginária.
E assim
O comum torna-se inusitado
O público
Privado.

Espaços concretos
Enfim
Transmutam-se em ilusórios.
Já que negam-lhes
Uma digna
Realidade.

domingo, 16 de agosto de 2009

A PRÁTICA EDUCATIVA: uma contribuição reflexiva para estudantes e professores.



Qual é o sentido de estar na escola ou na universidade? Você já se fez esta pergunta?

Em lendo a Pedagogia da Autonomia do ilustre mestre, Paulo Freire, me veio tal questionamento; então tive que responder a mim mesmo, o que me levou a refletir e concluir que, pelo menos, três funções tem a educação: a formação Profissional, a formação cognoscente-interpretativa e a formação ético-ontológica.

Formar profissionais é imperioso para a harmonização da sociedade. Os papéis profissionais estão ligados diretamente à sobrevivência, principalmente no sistema capitalista em que vivemos. Se eu não trabalhar, não tenho renda, não tenho dinheiro, não tenho poder de compra: não sobrevivo, em suma. Entretanto, a profissionalização não está ligada tão-somente às necessidades básicas, mas ainda a status, ascensão social, conforto, o que em parte são coisas boas, podendo, contudo, tornarem-se perigosas, principalmente quando nos levam a passar por cima de tudo e de todos em prol de um desejo muitas vezes egocêntrico. O bom profissional é aquele que serve, pois como afirma um velho adágio popular "se não servimos para servir, não servimos para a vida...". Assim, a nossa responsabilidade enquanto profissionais é meta-umbilical, devemos estar comprometidos com o mundo que nos cerca: é muito importante estarmos cônscios disto já no processo de formação.

A formação cognoscente-interpretativa é aquela que nos leva a conhecer e interpretar o mundo. Uma criança de seis ou sete anos, na primeira série, vai aprender a ler e a escrever, no entanto ele já interpreta, ainda que muito parcialmente, o seu mundo, à base do senso comum. Ela sabe diferenciar o quente do frio, uma televisão de um rádio... Mas quando começa a ler, entra no mundo das letras, da ciência, a sua cosmovisão se amplia, assim como a sua capacidade de discutir a vida; começa a ter explicações lógico-científicas para os fenômenos naturais: porque a chuva cai, o avião voa, as pessoas ficam doentes, etc. Portanto, a escola/faculdade é um ambiente de conhecimento e interpretação do mundo e de tudo que está a ele relacionado.

Quanto ao aspecto ético-ontológico, é, provavelmente, na prática educativa, o elemento mais importante; no entanto o mais negligenciado. Fico a pensar numa sociedade cheia de profissionais excelentes em técnica, em exeqüibilidade laborativa; bem nutrida de intelectuais, e, entretanto, vazia de seres éticos - sem respeito mútuo, sem cordialidade, emergida em individualismo. Não haveria flexibilidade, seríamos todos irredutíveis quanto às nossas "verdades absolutas", nunca seria possível ver o próximo, o outro, o não-eu. A educação não pode se resumir ao treinamento técnico e/ou à intelectualização, mas, acima de tudo, a saber viver, pois: "é preciso saber viver".

Desta forma, segue, pois, o desafio de conhecer holisticamente, sem neofobia, amantes de uma educação que forma o ser integral para uma ação transformadora no mundo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

CIRANDAÇÃO


Ciranda poética e eco-planetária
A diferença é celebrada
Mãos entre-laçadas
Cirandando nos vãos do co-existir
Nos passos e compassos das an-danças
Abraçando o mundo trans-laçados
Pela teia do amor
E grudados pelo visgo
Da paixão pela Vida!

domingo, 5 de julho de 2009

ÁGUAS CORRENTES



Não,
Não somos as pedras
Do rio.
Somos as águas
Do mesmo.

Não,
Não somos as margens dele.
Mas a sua
Correnteza...

domingo, 28 de junho de 2009

ÁGUAS PARADAS NÃO MOVEM MOINHOS.


“Os cavalos nascem, ao passo que os homens se formam”
"Não se entra duas vezes no mesmo rio [que corre]"

Este constante devir do ser-sendo que figura o processo dialético legítimo do existir faz-nos vislumbrar – se nos permitirmos – não só as duas margens do rio, mas tantas outras que nele há. Nossas experiências permitem-nos assim, portanto, via de regra, novos fluíres multiflúidos, e nos conduzem reflexivamente de volta à nascente, de volta à essência do existir humano, pelos transfluxos da nossa eco-dinamicidade, e, deste modo, podemos rever a nossa imanência/transcendência.
Disto não se pode prescindir. Não se pode abrir mão de experimentar o "estar absorto filosófico" diante das atrocidades e bonitezas da vida e do que ela representa em práxis e ontologia. Pois, estes momentos ético-estéticos extremos e opostos, nos fazem entender-nos mais humanos e desumanos, e nos movem ao futuro e ao passado do nosso presente.
É, portanto, imperioso se mover, disparar... Pois, represamento é o que acontece às águas que não correm, e que, portanto, não se renovam. É isto que nos querem pro(im)por com esses vieses moldados, convencionados e estagnantes, onde são postas barragens que se levantam no nosso por vir, e não mais nos permitem o ser homo continuus. Destarte, somos, então, controlados. Ficamos estáticos. E o que nos acontece...? É: Águas paradas não movem moinhos...