quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Hoje: me sinto árvore


Hoje: me sinto árvore

Hoje morre Manoel de Barros. Uma das figuras poéticas mais importantes da contemporaneidade e de mensuras não calculáveis para mim.
Esse poeta tem um dos discursos mais tocantes que hoje se pode encontrar. Poética que precisa grudar na humanidade. Como limo nas pedras verdes.
Seu olhar vesgo para a poesia encontrava grandezas no ínfimo, no traste: tinha desnumerações para grandes contabilidades. Seu ato letral percorria a infância com ludicidade de inventos; transgredia a linguagem; anunciava um retorno aos princípios, avanços para os começos, onde balbuciávamos o vegetal dos nossos inícios. De onde fugimos para o maquinar-se.

Mia Couto traduziu bem meu sentimento em sua declaração, a qual parafraseio:
Triste, como se fosse parte de nós, que deixou de estar. Mas existem presenças outras que estão para além do corpo e do tempo.

Hoje, "passarinho", Manoel é voo por onde quer que asa de imaginação passe.
Hoje: me sinto árvore. Por pouso dele.



Artigos meus sobre a obra do poeta:

Memórias da Infância na poética de Manoel de Barros

Imagens Ecológicas na Poesia de Manoel de Barros


Vídeo declamação do poema “Matéria de Poesia”





2 comentários:

  1. AMOR DE LUA CHEIA

    Era quase um sonho
    Aquele no qual eu vivia
    Realidade e amor
    Nem sempre combinam
    Apenas nos entregamos
    Acomodados ao que determinam

    E nos fazemos de felizes
    Pra sermos invejados
    Feito a lua cheia
    Que todos os meses
    Esplendorosa se faz desejada
    Por todos que olham para o céu

    Um grande amor
    Faz com que sejamos lua e estrela
    Num mundo onde a escuridão
    É o que normalmente prevalece

    Mário Feijó
    17.12.14

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  2. EU NÃO TENHO COMPETÊNCIA PARA O AMOR

    Hoje mais do que nunca
    Eu descobri que te amo
    Intensamente, mas tão intensamente,
    Que penso não ter competência
    Para poder te amar

    A roseira nasce para dar botões
    E depois transformá-los em rosas
    E as rosas já nascem com competência
    De alegrar e perfumar a vida

    Mas a minha competência
    Para o amor é limitada
    Eu não tenho mais vigor
    Para o teu amor

    Agora eu sinto isto
    Vejo pelos amores que se foram
    Vejo pelos adeus que já dei
    Eu realmente não tenho
    Competência para te amar...

    Mário Feijó
    17.12.14

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