quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DEIXEM ENTRAR OS PALHAÇOS

Este poema teve seu berço de inspiração na composição
“Send in the Clowns” de Stephen Sondheim, 
interpretada na voz de Renato Russo.

Imagem: Martha Barros
 
 
Deixem entrar os palhaços

enquanto não voam os malabares

e a lona ainda não está a pino.



Deixem entrar os palhaços

para rirmos do acaso

da nossa desgraça — acrobacia em trapézio desequilibrada

até o alto estendida.



Deixem entrar os palhaços

choremos de alegria

em meio à tristeza

 a solução vem na cartola

da vida, que o grande mágico usa.



Deixem entrar os palhaços

e suas intervenções risonhas

estórias tão bem mal contadas

quanto as nossas vidas.



Deixem

entrar

os palhaços.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ENTRECORPOS



Toca-me a voz
no tímpano
seus sons salivados
sentidos sibilantes 

línguas em movimento
se comunicam fora 

da cognição

marcas de dentes incisivos
in-sanos                               
pertubaz
                   minha paz!

inquietando-me 

essa Vênus terráquia
voraz
vIndo vasta de amor
paixão delirar.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CHICO MALANDRO

A Quincas Berro d’Água



Chico morreu na praia

Era fim de semana

Com um litro de cachaça

Empurrado na pança

Siri nem caranguejo

Lhe fez companhia

Parou de trabalhar

Patroa incomodar

Vida de boemia.



Quando chegou ao céu

São Pedro lá na porta

Falou “não vai entrar

Com o bafo de cachaça”

Chico, um bom malandro

Levou Pedrão na lábia

Falando enrolado

Entrou cambaleando

Com o copo americano.