terça-feira, 26 de julho de 2011

ERA


Vejo um ser sem camisa

de longe conto

da costela os ossos

nos pés não tem

nada

no bolso

nada

nada também na barriga

e nada no futuro

(em qualquer tempo)



Esse ser...

era uma criança.

Era.

4 comentários:

  1. Caramba, quanta coisa se pode discutir em cima de um texto enxuto desses: desde a formatação excelente do poema até uma triste realidade social embutida aí.

    abraço, Weslley!

    ResponderExcluir
  2. A imagem foi bem escolhida.
    A criança, "um ser no mundo", um ser tão limitado pelas limitações do mundo! Belo poema, linda reflexão.

    ResponderExcluir
  3. E, além de tudo, um ser socialmente condenado por não ter (quase) nada de bom no coração. É verdade, muito se pode discutir em cima desse texto

    ResponderExcluir
  4. Um ser assim, um dia foi criança. “Foi”, no pretérito perfeito. E agora ,que se confronta com sua cruel realidade, esquece-se do que “Era”, no pretérito imperfeito, o tempo passado dos fatos contínuos.

    E há também a nova “Era” do presente: crianças (e adolescentes) que perdem a infância pelas drogas.

    Abraços, Weslley.

    ResponderExcluir