Imagem: Erika Thorpe
Quando eu ainda não estava na casa dos vinte, e via o mundo sem muitos compromissos – mais brincante e engraçado –, uma das coisas em que eu me divertia era subir nos pés de manga e goiaba do quintal de casa, ambos altos e frutíferos.
Era uma aventura aquilo... A subida era o primeiro desafio. Não gostava de colocar banco ou cadeira pra ajudar. Não raro, escorregava e me arranhava todo. Quando chegava lá me cima: um triunfo! Conseguia enxergar o mundo doutro ponto de vista, do ponto de vista do pé de goiaba e do pé de manga. Eles vêem melhor que a gente...
Sentia-me meio selvagem alí... Sabia que, quando descesse, encontraria cimento e paredes, e me tornaria novamente humano.
Mais gostoso do que comer fruta do pé é comê-la no pé. Entre galhos, folhas e bichinhos que só lá em cima se vê. Aí minha mãe lá da cozinha gritava: “Weslley, ranca umas goiaba madura aí pra fazer suco pro almoço. E desce logo que é pra ir pra escola, senão chega tarde...” Colocava as goiabas nos bolsos do short (e às vezes até na cueca) e descia meio desequilibrado.
As mangas verdes... Comia com sal e acrescia de quando em vez pimenta do reino. Minha mãe ficava aguniada, reclamava direto: “isso dá gastrite, menino!”. Mas quem é que ligava...
Dos pés de manga eu subia na laje da casa que estava construindo. E ia também para cima dos telhados da casa construída. Parecia macaco. Não tinha banana. Mas tinha manga e goiaba.
Não sei se admiro a vida dos índios porque tive essa experiência, ou se tive essa experiência porque queria ser índio. O fato é que me sentia diferente lá em cima. Apesar de estar sobre galhos e troncos, a sensação... era de que eu levitava.
Belissima prosa amigo meus parabens.
ResponderExcluirEta tempo bom menino, vale a pena recordar!!! Bjs.
ResponderExcluirLegal... amei as palavras... e tbm gostava d subir em árvores... era uma época boa demais... bjo
ResponderExcluirMe identifiquei muito ao ler esse texto pois eu também quando menor gostava de subir no pé de manga que tinha aqui na minha casa e no pé de goiaba que tinha em um campo nos fundos da casa da minha vó. Agora ambos os pés foram arrancados, não tenho mais onde subir...rsrsrsr
ResponderExcluirEntendo a sensação que temos encima da árvore, é meio mágico, inspirador...Eu costumava me sentir tão mais livre e com uma paz sempre que estava no alto junto a natureza, mas eu também costumava chorar.
E pensando bem, essas coisas simples da vida dão uma saudade....
Gostei de ter conhecido seu blog! =D
Abraços e uma Boa Noite!
Parabéns Weslley
ResponderExcluirMe fez relembrar, viajar, imaginar.
Abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNossa, como já fiz isso. Bons tempos de vida de macaco! Até hoje gosto... goiaba, caju, manga com sal, seriguela, limão, muito, muito. E minha mãe dizia a mesma coisa! N é q hj tenho mesmo gastrite :/ Bem q as mães n precisavam ter razão sempre, né? rs Era era tudo tão bom e divertido q faria de novo, só com um pouquinho mais de moderação rs Essa senção de liberdade em cima de uma árvore é mesmo divina, Weslley!
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