segunda-feira, 7 de março de 2011

MARIA, E AGORA...?

Ao dia da Mulher.
Celebrando esse ser belo, forte e mágico!



Sempre omitida

em sua jornada

calada, burlada

maltratada sem dó

sem ré, sem mi, sem fá, sem sol

apagada

des-musicada

cansada

pela jugo do falo.

Maria, e agora...?



Sem a chave na mão

quer abrir a porta

e nem tem porta

pr'ela poder entrar.

Seu rio secou

quer fugir pro mar-da-vida

mas o mar está poluído

Maria, e agora?!



Sua inteligente palavra

seu ventre poético

seu mundo de cores

não tinha voz

não tinha vez.

Nunca pôde cantar

seu canto

pungente

ser tudo que é

pois o macho poder

veio e desfez.

E agora, Maria...?!



— Eu não me dobro

Não emudeço

nem me troco

me rasgo em mil

se preciso for.

Desfaço o desfeito

sou mulher aguerrida

que quer mostrar

hoje e sempre sua tez.

Que não se prostra

diante das tretas

e insensatez

do poder androcêntrico

androfálico

andropênico

que ou murcha ou se iguala

à Vagina de vez!

 
E agora, José...?

Maria: e agora.

4 comentários:

  1. Querido amigo poeta, que magnífica homenagem esta!

    Maria-Mulher é mesmo assim, fortaleza e sensibilidade, um mundo inteiro de contrastes. Mas é tb e, acima de tudo, bela e essencial a todo o andamento perfeito da vida aqui na Terra.

    Beijo, querido, e obrigada! :)

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  2. Um salve à todas as Marias e a você, Weslley,
    que cada dia me encanta mais com sua musicalidade na escrita. ;)

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  3. infelizmente a diferença entre os sexos ainda existe mesmo em países ditos 'democráticos' como o Brasil, mas é inegável que a mulher conquistou espaço e permanece em conquistas diárias se rasgando em mil, quando preciso é, e demonstrando que para isso não é necessário deixar de lado a sensibilidade! E agora, José? Murcha ou se iguala? Eu voto pela opção dois, porque neste mundão que Deus nos deu tem espaço para todas as capacidades! É muito bom saber que a sensibilidade também habita os corações masculinos e que alguns tem a sensatez de não reprimí-la. És um deles, mocinho. Que poesia linda!

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