George
Orwell, 1903 -1950
A obra 1984 — uma
das mais influentes do século XX —
do
escritor inglês George Orwell, foi escrita em 1948 (observe que o ano do nome
do livro é uma inversão do ano em que foi escrito).
O romance é uma
distopia (ao contrário da obra de Thomas More). Um retrato de uma sociedade
totalitária, controladora da individualidade. Perversa no engessamento das subjetividades
e no controle do corpo. A sexualidade era reprimida, assim como toda e qualquer
ação criativa, inventiva, que fugisse do enquadramento estabelecido pelo
Partido, pelo Grande Irmão (Big Brother).
Dai vem o nome do
famoso reality show, onde pessoas ficam confinadas, observadas por câmeras que
projetam suas imagens para quem tiver uma TV e um controle remoto na mão.
Assim também (a seu
modo) era a sociedade retratada por Orwell. Só que com menos alaridos e entretenimento,
e mais poder político coercitivo.
As pessoas eram
observadas a todo o momento por uma teletela. Uma espécie de televisão-câmera, que além de vigiar as pessoas, passava instruções.
Todo pensamento fora
dos padrões do partido era pensamentocrime.
E punido com técnicas das mais horríveis, dentre elas, a lavagem cerebral, que
levava as pessoas ao duplipensamento, que consistia em ter duas opiniões divergentes como verdadeiras, “abrigar
simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e acreditar em ambas”
1984 (2009, p.374).
As palavras acima em
itálico lembram o que hoje usamos nos hastegs, como #partiucasa etc. São termos
da Novafala, língua criada para domesticar o pensamento dos indivíduos em favor
dos interesses do Partido, uma espécie de esperanto do cativeiro, onde as paredes
da linguagem impediam a transgressão do pensar-agir. Uma outro exemplo dessas palavras era despessoa. Significava uma pessoa que
deixou de existir historicamente, por interesse do partido. Identidade,
história, feitos, relatos, tudo era extinto, e o individuo se tornava uma
despessoa.
A intenção do autor
parece a de soar um alarme, indicando a direção que estamos indo. Que tipo de
sociedade estamos construindo. Que nos priva da privacidade. Que nos faz
personagens, coadjuvantes atores de nossa própria história, em prol dos poderes
instituídos. Apesar de tons proféticos, esse texto literário é também uma
descrição do contexto histórico do autor, que experimentava dois pós-guerras, um
nazismo e ditaduras comunistas falidas pelo abuso do poder.
SOBRE O ENREDO
A obra se dá em Londres,
território da Oceânia (além da Oceânia, existiam mais dois blocos mundiais, a
Eurasia e Lestásia). A sociedade era dividida em três classes: Partido Interno,
Partido Externo e os Proletas (proletários – 85% da população). Winston,
personagem principal do livro, 39 anos, é um membro do Partido Externo, que
tinha pensamentos subversivos, desconfiava do Grande Irmão, não se enquadrava
na sociedade criada pelo Partido. Amava o que era corrupto e inutilitário.
Quinquilharias e antiquários. Escrevia.
Winston fazia parte do
Ministério da Verdade, e sua função era apagar o passado. Isso mesmo, a
sociedade de 1984 tinha o passado apagado de acordo com a vontade do poder instituído.
Revistas, jornais e até livros eram editados a favor do pensamento do Grande
Irmão. Os índices, as pesquisas, tudo era burlado para a manutenção da verdade
do Partido.
No decorrer da estória,
Winston conheceu Julia, uma moça de sexualidade livre; portanto, transgressora
para os moldes sociais, que só previa o sexo para a procriação. Por ela ele se
apaixonou (e ela por ele). O romance dos dois era um ato subversivo. Um grito
de humanidade. Um gozo político.
Os dois se encontravam
no bairro dos proletas, pois lá não tinham as tão onipresentes teletelas. Mas,
ainda assim, tudo foi descoberto. E ambos severamente punidos. A punição, muito
mais que física, era psicológica (psicodélica). Por instrumentos de tortura, incluindo
a hipnose (submissão da mente).
Winston acabou
derrotado por dentro. Findara (diante de tanta hostilidade) amando o Grande
Irmão.
FRAGMENTOS
DO LIVRO
●O
Grande Irmão está de olho em você.
●Um
helicópetero, voando baixo sobre os telhados, pairou um instante como uma
libélula.
●Nada
era ilegal visto que não havia leis.
●Quem
controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o
passado.
●...
as pessoas são tão hipócritas.
●A
privação sexual levava à histeria, desejável porque podia ser transformada em
fervor guerreiro e veneração ao líder.
●Havia
uma conexão íntima e direta entre a castidade e a ortodoxia política.
●Nossa
única vida genuína repousa no futuro. Participaremos dela na condição de pó e
fragmentos.
●Nenhuma
mudança histórica chegou a significar muito mais que uma alteração no nome dos
seus senhores.
●A
vida privada chegou ao fim.
●A
realidade existe na mente humana e em nenhum outro lugar.
●A
Polícia das Ideias o observava como se ele fosse um besouro debaixo de uma
lupa.
SLOGANS
DO PARTIDO
*Guerra
é paz
*Liberdade
é escravidão
*Ignorância
é força
INDICAÇÕES
RELACIONADAS
- Utopia,
Thomas More.
- Admirável
Mundo Novo, aldous Huxley.
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