domingo, 28 de abril de 2013

TAPETE MÁGICO OU DA POLISSEMIA DO OLHAR



Um tapete novo e os olhares se acoplaram num novo feixe óptico.

A casa ganhou outras possibilidades oculares: os quadros, o teto, os insetos nas paredes; o meu corpo é um telescópio que gira quando mudo de posição. 

A relação com os passantes na sala recebe um grau diferente quando estou sobre ele.

Me embolo no tapete (com ou sem a visita). Me largo nele ao som de Enya e Djavam. Parece que – Chico – nele sou mais malandro, e também o meu olhar é cafetão, no que concerne à impureza do enxergar diferente. 

Escrevi esse texto na tentativa de malandrar as palavras pelo olhar dos dedos. 
O coração bate o tambor: vital instrumento.
Para brincar com Heidegger, o que é o ente se não o Ser que lhe empresta o olhar... pelos tapetes dos nossos lares metafóricos?
Boff, sim: “todo ponto de vista é [mesmo] visto de um ponto”. Nós mesmos. 

Eis o caminho da descoberta 
do clitóris do olhar. 
Os pontos “G”s 
de nossa visão.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O GRITO

Imagem: Patricia Ariel


Nessa época de
Samujos assassinatos
aparelhos desligados
e jovens bombas (ou não)

a poesia me retoma como um tapa

e um aperto
(caneta)
nas mãos
e me diz:
"continua!". 

sábado, 20 de abril de 2013