Niketche, de Paulina Chiziane, é um livro fluido na sua narrativa, cativante, prende o leitor a cada capítulo.
A obra fala sobre uma história de poligamia situada em Moçambique.
Na história observamos contrastes culturais entre o Norte e do Sul do país, as diversas etnias.
A narrativa demostra o patriarcalismo, o androcentrismo, machismo e misoginia impregnados nas relações sociais. Por exemplo, pela tradição, o filho é amamentado por mais tempo do que uma filha. Os pedaços mais nobres do frango são do marido, a esposa e os filhos comem o que resta.
Tony e Rami são os protagonistas. Os dois são casados há vinte anos. Ela é uma esposa subserviente, ele, um marido polígamo. Ao descobrir a poligamia do marido, Rami vai em busca de cada uma das outras esposas, e a partir desse encontro a vida delas são transformadas.
TRECHOS...
— A vida é uma grande dança.
— Os meus braços se abrem como flores desabrochando na carícia do sol.
— A vida é a eterna metamorfose.
— Penso nos milhões de mulheres presas no harém do mundo.
— Em silêncio se vencem os grandes combates.
— Todo homem é escravo nas mãos de uma mulher que sabe amar.
— O velório é um momento bom para vomitar infâmias
— Morte é fruta madura emancipando-se da árvore.
— Encosto meu corpo nas paredes do horizonte.
— Na poligamia verdadeira, não é o homem que impõe os seus desejos de ter mais uma, mas as próprias mulheres sugerem um novo casamento.
— A solidão me intimida e não consigo ver, no horizonte, a estrela da aurora.
— Quero ser o horizonte onde os olhos cansados se inspiram e os desesperados repousam.
— As mulheres, de mãos dadas, podem mudar o mundo.
— Em cada coração de mulher cabe o universo.
— Quero ser um grão de areia ao vento e dançar o meu
niketche ao som das flautas de todas as brisas.
