quarta-feira, 9 de agosto de 2017

DELÍROS FRÁSICOS DE MANOEL DE BARROS





          Manoel de Barros em sua obra nos apresenta um fraseário lírico, ou versos-máximas, ou ainda pílulas poéticas, que consistem em mínimos versos carregados de intensos sentidos.
       Vou apresentar aqui alguns desses versos que encontrei nas minhas leituras pela obra poética desse grande escritor mato-grossense (e do mundo). 





"Explicar afasta as falas da imaginação"

"Livre, livre é quem não tem rumo"

"Sou beato de ouvir a prosa dos rios"

"Significar limita a imaginação"


*



"Nos monturos do poema os urubus me farreiam"

"O poema é antes de tudo o inutensílio"

"A gente é cria de frases!"

"Nossa grandeza tem muito cisco"

"Eu sou o apogeu do chão"


*



"Desaprender oito horas por dia ensina princípios"

"Poesia é voar fora da asa"

"Ontem choveu no futuro"

"Ando muito completo de vazios"

"Um sabiá me aleluia"

"As coisas que não existem são mais bonitas"

 *





"Grilo é um ser imprestável para o silêncio"

"Quem ama exerce Deus"

"Eu queria crescer para passarinho"

"As árvores me começam"

"Só as coisas rasteiras me celestam"

"Eu queria avançar para o começo. Chegar ao criançamento das palavras."

"É no ínfimo que eu vejo exuberância"

"Tudo que não invento é falso"

"Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é a verdadeira"

"Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria"

*





"As coisas que não levam a nada têm grade importância"

"Poesia é a loucura das palavras"

"A gente é rascunho de pássaro / não acabaram de fazer..."


Espero que esse post tenha despertado em você, leitor, mais fome por poesia: gula pelos poemas de Manoel de Barros. Que esses delírios líricos acometam sua íris de beleza.