Cordel fruto das prosa com trabalhadores/as rurais de Feira de Santana e Região...
A maió parte dos povo daqui, moço, num tem terra não...
E quando se tem, é um cadin minúsculo
Porcauso daqueles que tem demasiado
Muito latifúndio disusado.
A gente fica se bateno
Ajudando um e ôtro
Trabaiano duro que nem tôro
Com a famía e de comodato
Com difircutagem um pouco colheno
Quando tudo seca
Num tem jeito, vamo dá dia nas terra dos dotô
Arrancar toco e fazer pasto.
“Vocês num istudô”, dizim eles.
A maiuria aqui faz a assinatura com o dedo...
Caligrafia é coisa pros nobre
Pobre sabe lá o que é isso
Povo desvalido pensa que é desenho
Nossa linguage é mais falada
Sem escrivinhamento
Palavras só no coração e lá dentro
Donde Deus pôis as primera letra rascunhada.
Mas será, meu Cristo, que um dia isso tudo muda...?
Ô meu São José, há de consiguirmo terra pro nosso prantio...?
Valei-me mestre Palo Frêre
Quem sabe há de termo no nosso roçado chuva
Pra colheita abastada
Pra colírio pra leitura.